quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

006 - Zeca: ausência presente.



A minha mãe frequentou a Universidade de Coimbra na mesma altura de José Afonso, e contou-me algumas das histórias que por ali se passaram na época.
Já não me lembro de muitas, mas há uma que ainda povoa a minha memória.
Parece que uma colega padecia de amores pelo Zeca e um dia, alguém lhe disse que ele tinha decidido ir fazer uma serenata à sua janela. Reuniram-se várias no quarto, entre as quais a minha mãe. Janela aberta e elas recolhidas no quarto. A serenata começou. A meio uma delas (que não a apaixonada) aproximou-se da janela e espreitou. No momento seguinte ficou a rebolar no chão a rir. O cantor era outro, apaixonado pela apaixonada, e a esforçar-se por imitar Zeca num fado de Coimbra.

Esta, entre outras histórias sobre a irreverência estudantil universitária, levaram-me a um conjunto de idealizações que, mais tarde, se haveriam de revelar algo cruéis. É que entretanto muitas coisas mudaram e nem todas para melhor.

Mas hoje, este episódio, provavelmente com uns pontos acrescentados pelo tempo, fez-me sorrir. Predestinava que ele estaria não estando.

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