segunda-feira, 26 de junho de 2017

012 - Medina, a estrutura e a navegação de cabotagem


Hoje apanhei parte da declaração de candidatura de Fernando Medina à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, lugar que ocupa por herança.
Estava ele, na altura em que liguei a TV, a começar a falar sobre um (dos muitos) problema da cidade: a entrada de 300 e tal mil veículos por dia. Como resposta estrutural, sublinho estrutural, Medina avançou com uma espécie de reforma dos transportes públicos (umas quantas ideias soltas sobre o estado dos ditos e o que deverão ser para resolver o problema).
A minha nota tem, contudo, a ver com a percepção de estrutura de Medina. Para ele resolver o problema estrutural da entrada de carros em Lisboa é conseguir que os "imigrantes quotidianos" venham de transportes públicos. Pois eu acho que uma abordagem bem mais estrutural ao problema seria evitar a "emigração" lisboeta, restituir parte à origem, reduzindo assim a "imigração" diária. E, já agora, combatia a actual perigosa aproximação à extinção do lisboeta em Lisboa.
É que a política camarária nos últimos anos ajudou a acentuar a já decana desertificação da cidade, não desenvolvendo políticas que incentivassem o arrendamento, promovendo a proliferação de hotéis, hospedarias, hosteis e outras modalidades de "host" (como a febre do ouro conhecida por Alojamento Local). Nas última décadas (com agravamento recente), a política camarária tem "salgado" Lisboa, nomeadamente o seu centro, transformando-a em terreno infértil  para residentes lisboetas e seus descendentes. Emigrados na periferia estes transformam-se em imigrantes diários que teimam em vir para a capital de automóvel. Shame on them.
E como vai acontecendo cada vez mais com as sardinhas, há cada vez menos lisboetas frescos.

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