Faz 20 anos que foi publicada a minha tese de mestrado sobre o Castro de Santiago, em Figueiró da Granja, Fornos de Algodres.
O Capítulo 1 abria com as seguintes citações:
“(...) o meu
assunto não existe porque os assuntos, em geral, não existem. Não há
assuntos; não há ramos do saber (...) há somente problemas, e o impulso para
os resolver. Uma ciência (...) é, defendo eu, apenas uma unidade administrativa”
(POPPER,
1992:39)
“No tempo em
que eu era um adolescente romântico, acreditava que a minha vida como
cientista seria justificada se conseguisse descobrir um único facto novo,
juntando desse modo um tijolo ao luminoso templo do conhecimento humano. A
aspiração era bastante nobre; a metáfora era pura e simplesmente idiota. E,
no entanto, essa metáfora continua a orientar a atitude de muitos cientistas
em relação ao seu objecto de estudos. (...)A ciência não é uma busca
impiedosa de informação objectiva. É uma actividade criativa humana, em que
os seus génios actuam mais como artistas do que como processadores de
informações.”
(Stephen Jay
Gould, O mundo depois de Darwin. Reflexões
sobre história natural, Ed. Presença, 1988, p.175)
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Duas décadas passaram e continua a fazer sentido fazer estas citações. Mais necessárias ainda, pois passaram mais duas décadas e o pensamento reflexivo sobre o que é conhecer continua a não merecer a atenção de muitos que se consideram investigadores, nomeadamente na minha área. O que é conhecer? Como conhecemos? São perguntas que continuam a não ser feitas (e respondidas) nos cursos de arqueologia (e provavelmente na maioria das outras ciências), que pretendem formar "profissionais e produtores de conhecimento".
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