terça-feira, 13 de junho de 2017

010 - Faz 20 anos, mas não parece.


Faz 20 anos que foi publicada a minha tese de mestrado sobre o Castro de Santiago, em Figueiró da Granja, Fornos de Algodres.

O Capítulo 1 abria com as seguintes citações:

“(...) o meu assunto não existe porque os assuntos, em geral, não existem. Não há assuntos; não há ramos do saber (...) há somente problemas, e o impulso para os resolver. Uma ciência (...) é, defendo eu, apenas uma unidade administrativa”
(POPPER, 1992:39)


“No tempo em que eu era um adolescente romântico, acreditava que a minha vida como cientista seria justificada se conseguisse descobrir um único facto novo, juntando desse modo um tijolo ao luminoso templo do conhecimento humano. A aspiração era bastante nobre; a metáfora era pura e simplesmente idiota. E, no entanto, essa metáfora continua a orientar a atitude de muitos cientistas em relação ao seu objecto de estudos. (...)A ciência não é uma busca impiedosa de informação objectiva. É uma actividade criativa humana, em que os seus génios actuam mais como artistas do que como processadores de informações.”
(Stephen Jay Gould, O mundo depois de Darwin. Reflexões
 sobre história natural, Ed. Presença, 1988, p.175)


Duas décadas passaram e continua a fazer sentido fazer estas citações. Mais necessárias ainda, pois passaram mais duas décadas e o pensamento reflexivo sobre o que é conhecer continua a não merecer a atenção de muitos que se consideram investigadores, nomeadamente na minha área. O que é conhecer? Como conhecemos? São perguntas que continuam a não ser feitas (e respondidas) nos cursos de arqueologia (e provavelmente na maioria das outras ciências), que pretendem formar "profissionais e produtores de conhecimento".

Sem comentários:

Enviar um comentário