segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

007 - Ordem para cobrir


É mesmo um caso para se olhar com um misto de perplexidade, interesse e desilusão.
Não gosto de ter que concordar com Marie Le Pen. Mas nesta de não aceitar usar o véu numa reunião política com um dirigente muçulmano, só posso estar de acordo. Há regras protocolares que não devem ser aceitadas. Faço notar que não se trata de entrar num edifício religioso, mas de uma reunião de carácter político. Pior estiveram os dirigentes franceses quando, ao receberem no Louvre há uns tempos um dirigente muçulmano, mandaram tapar as estátuas de nus. É também por atitudes destas, de incapacidade de assumir sem concessões patéticas os valores do Ocidente democrático e humanista, que a extrema direita vai crescendo. Pois a ela se deixam posturas que acabam por atrair os mais incautos. Sem assumir os nossos valores, dificilmente poderemos de facto respeitar os dos outros. Vivemos tempos de "Chamberlainismo", de cobardia política, deixando espaço aos extremismos. Da mesma forma que nunhuma muçulmana deve ser obrigada a destapar a cabeça (o que posições extremistas advogam), também nenhuma mulher não muçulmana deve ser obrigada a cobrir a sua (salvo em locais de culto).
Na sua hipocrisia, Le Pen acabou por estar a marcar uma posição importante, onde o protagonismo não deveria ser dela.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

006 - Zeca: ausência presente.



A minha mãe frequentou a Universidade de Coimbra na mesma altura de José Afonso, e contou-me algumas das histórias que por ali se passaram na época.
Já não me lembro de muitas, mas há uma que ainda povoa a minha memória.
Parece que uma colega padecia de amores pelo Zeca e um dia, alguém lhe disse que ele tinha decidido ir fazer uma serenata à sua janela. Reuniram-se várias no quarto, entre as quais a minha mãe. Janela aberta e elas recolhidas no quarto. A serenata começou. A meio uma delas (que não a apaixonada) aproximou-se da janela e espreitou. No momento seguinte ficou a rebolar no chão a rir. O cantor era outro, apaixonado pela apaixonada, e a esforçar-se por imitar Zeca num fado de Coimbra.

Esta, entre outras histórias sobre a irreverência estudantil universitária, levaram-me a um conjunto de idealizações que, mais tarde, se haveriam de revelar algo cruéis. É que entretanto muitas coisas mudaram e nem todas para melhor.

Mas hoje, este episódio, provavelmente com uns pontos acrescentados pelo tempo, fez-me sorrir. Predestinava que ele estaria não estando.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

005 - Cromos na Biblioteca Nacional

Mais uma interessante exposição a visitar em Lisboa: as colecções de cromos na Biblioteca Nacional.
Uma mostra de cromos desde o seu início, no século XIX, os quais durante mais de meio século estiveram muito ligados aos caramelos e rebuçados e às empresas que os produziam. Algo que eu, grande coleccionador na minha juventude, não sabia, pois os meus tempos já eram outros.
Ficam aqui duas imagens. Na primeira sublinho a colecção que não fiz e adoraria ter feito (a dos 4 cavaleiros da popularidade); na segunda lembro duas que fiz e completei: a do Camões e a do Pedro Álvares Cabral.
Eram tempos em que, para além dos cromos da bola e do mundo artístico, havia colecções sobre muitas outras coisas (barcos, notas de banco, história, bandeiras de países, culturas, animais, plantas, etc), onde se aprendia muito.
Formas de comunicação anteriores ao vídeo e ao digital. Vale a pena olhar para elas com atenção. Porque têm uma dimensão própria que parece insubstituível.






domingo, 12 de fevereiro de 2017

004 - Não é preciso muito...

... para valer a pena. Quando a CML quer até sabe fazer coisas simples, baratas, e que valem muito.
Na Avenida Duque D'Ávila.


sábado, 11 de fevereiro de 2017

003 - Liliputianos

Resultado de imagem para liliputiano

"Política Pequena"

Louçã considera que a questão sobre os compromissos assumidos ou não assumidos pelo Governo relativamente às inauditas exigências da ex administração da CGD é um assunto pequenino, de gente pequenina, que não dá conta da sua pequenina dimensão. Mortágua fala de um assunto que já não é assunto. Costa reduz tudo a um ataque de raiva pelo facto do impossível, que ele reclama ter tornado possível, ter uma aparência possível.
Como outros, de outras cores, noutras ocasiões, estão de lata e brocha na mão caiando, revelando que pertencem, por mérito próprio, ao mundo liliputiano da política nacional.

Entretanto, já toda a gente sabe, menos o Presidente da República (que não é Gulliver), que à ex futura administração da CGD foram prometidas coisas que não deveriam ter sido.

002 - Rain (not so rare)


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

001 - Olhar ao contrário


Ainda há dias comentava, no meio de uma viagem do Alentejo para Lisboa, sobre as vantagens que podem resultar do exercício de se olhar as coisas ao contrário. Um exercício simples. Inverter a ordem considerada normal dos factores. Toda uma nova realidade pode surgir. Absurda? Talvez. Mas também potencialmente libertadora, inspiradora e desafiante. Muitas descobertas não são mais do que o resultado de uma inversão de termos. Os termos que nos condicionam.