segunda-feira, 11 de setembro de 2017

0022 - Lisboa escondida... e a cair aos bocados

Se para alguma coisa estas iniciativas como o festival Todos servem, e estou em crer que servem para várias, uma das mais interessantes é entrarem em edifícios e lugares de Lisboa que nos estão vedados no dia a dia. E possibilita-nos ver como patrimónios notáveis estão ao abandono. Sítios notáveis, com História e histórias, que poderiam ser aproveitados num sem número de possibilidades, mas que... adiante.

Neste Todos aproveitei e fui espreitar o ex-hospital Miguel Bondarda. Nunca lá tinha entrado e fiquei maravilhado e, simultaneamente, escandalizado.

O que mais impressiona é, naturalmente, o pavilhão da segurança. Um verdadeiro "shrine" circular, para conter aqueles considerados como os loucos mais perigosos. É impossível estar ali e não nos sentirmos inseguros e apreensivos. "Muralhas" para conter perigos no interior, protegendo o exterior, a fazer relembrar algumas interpretações sobre os monumentos tipo "henge" britânicos pré-históricos ou sobre outros "shrines" mais simples africanos. Uma forma de ver como ideias e percepções ancestrais (neste caso conter um mal enclausurado) se propagam no presente.




Arrepia estar lá dentro, mesmo num cenário preparado para uma festa, mas onde os vestígios de um passado dramático continuam presentes.





Mas este ainda é o sítio que se encontra melhor preservado. O resta revela abandono, como por exemplo um notável balneário comunitário, revestido a azulejo e com banheiras esculpidas em calcário e que se encontra neste estado, sob andaimes e telhado provisório de chapa.


Sobre o edifício principal apenas posso dizer que, mais uma vez, impressiona, com os quartos (também mais parecidos com celas) que ainda conservam colados nas paredes os nomes dos ali internados.

O espaço exterior é amplo, com áreas de jardim e grandes árvores.

Olha-se e sonha-se. Que notável espaço para uma universidade. Para uma residência de estudantes Para uma mistura disto com instalações turísticas. Para... para...

E não se entende uma situação destas. Ou melhor... entende-se... e fica-se deprimido com o entendimento.

Sem comentários:

Enviar um comentário