As Ciências Cognitivas criaram o conceito de memória externa, prontamente aproveitado pela informática. A memória externa resulta na valorização do objecto, e de como nele se podem armazenar sentidos, que aí são inscritos pela mente humana (consciência que na Arqueologia, Ciência Social com grande relação com o objecto, se desenvolveu sobretudo a partir dos anos 80 do século passado), proporcionando-lhe uma espécie de extensão (um disco externo, na linguagem informática).
E fazemos isto todos os dias sem o pensar e questionar.
Quantas portas de frigoríficos se trasnformaram em memória externa, armazenadoras de experiências, vivências, enfim... memória. E há qualquer coisa de feliz coincidência entre um frigorífico e esta tarefa de memorizar: they freeze.
E é isso que faz, em grande medida, a memória: captura, individualiza e retira das sequências causais momentos, épocas, experiências, transformando-os em peças de lego individualizadas que utilizamos para construir a nossa percepção da nossa identidade. Em muitas casas, uma parte da forma como nos vemos está na porta do frigorífico. No meu também.
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