Hoje, por razões que não interessam para o efeito, lembrei-me da Estética da Abdicação de Bernardo Soares (Livro do Desassossego).
"Ao homem superiormente inteligente não resta hoje outro caminho que o da abdicação."
"Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria.(...) Vence só quem nunca consegue. Só é forte quem desanima sempre. O melhor e o mais púrpura é abdicar."
Para a seguir se dizer:
"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra, mas onde está o palácio se o não fizerem ali?"
Mas logo acrescentar:
"O meu orgulho lapidado por cegos e a minha desilusão pisada por mendigos. Quero-te só para sonho."
E reconheço nesta estética um exemplo da insustentável leveza do ser num planeta com gravidade.
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